Perfil dos participantes, disputas políticas e temas debatidos são analisados por pesquisadores de políticas culturais

Com o objetivo de identificar padrões de participação política e entender condições e dificuldades no acesso às políticas públicas da área cultural, duas pesquisas estão sendo aplicadas pelo Laboratório de Cultura Digital (Lab CD), em conjunto com o Projeto Mapas Culturais, durante a 4a Conferência Nacional de Cultura, que acontece de 4 a 8 de março, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília.

“A 4a CNC é uma oportunidade única de colhermos informações e percepções sobre as políticas culturais no Brasil, diretamente com representantes do setor de todo o país, identificando disputas, padrões, agendas para políticas públicas e temáticas emergentes¨, afirmou Rachel Bragatto, coordenadora de Políticas Públicas do Lab de Cultura Digital.

A primeira pesquisa é composta de um questionário com questões objetivas, aplicado exclusivamente aos delegados da CNC. A meta é ter ao menos 10% dos delegados respondendo ao questionário, que versa sobre impressões da conferência, participação política, avaliação de editais e uso de ferramentas de internet, apontando padrões e diferenças no perfil dos participantes em comparação com os de conferências de outras áreas temáticas. Isso é possível porque pesquisa semelhante foi realizada nas conferências de Saúde, Educação e Assistência Social pelo INCT Democracia e Democratização da Comunicação, que é parceiro do Lab na elaboração e aplicação dessa pesquisa na 4a CNC.

Já a segunda investigação detém-se sobre a observação etnográfica das disputas e narrativas dentro dos grupos de trabalho e plenárias da CNC, e de entrevistas com participantes individuais ou em grupo. Vivian Peron, pesquisadora do Lab de Cultura Digital e responsável pela Coordenação de Articulação Federativa, indica que “a pesquisa etnográfica é a chance de produzir um registro qualitativo do debate político durante a CNC, identificando quais as percepções dos participantes, quais as diferenças e posições concorrentes que aparecem no processo decisório”, entre outras questões.

As duas pesquisas são complementares e dialogam entre si. Seus resultados devem guiar a elaboração de produtos do Lab, que atua como um espaço de articulação, reflexão, elaboração e desenho de soluções ligadas às políticas de Cultura Digital. Suas ações estão focadas na democratização do letramento digital; na adoção do uso de linguagem simples; no design de políticas públicas e soluções digitais; e na circulação de narrativas plurais. O intuito de qualificar e ampliar o acesso às políticas culturais e digitais do Estado Brasileiro.

Após organizar a Conferência Temática de Cultura Digital, o Lab CD vem para a 4a CNC animado com a refundação do Ministério da Cultura e com uma equipe comprometida com o fortalecimento da cultura digital. São professores da UFPR, pesquisadores de pós-doutorado, e especialistas em cultura digital trabalhando em conjunto para mapear demandas e perfis dos participantes. “Nossa missão na 4a CNC é entender quais as melhores soluções para as demandas do setor cultural e para o próprio Minc colaborando para o estabelecimento de espaços de debate cada vez mais democráticos, acessíveis, diversos e acolhedores”, afirma a pós-doc Camila Rezende, coordenadora de Linguagem Simples do LAB CD.

O Laboratório de Cultura Digital e o Projeto Qualificação do Ecossistema para Soluções Digitais na Cultura (Mapas Culturais) são iniciativas do Ministério da Cultura em parceria com a Universidade Federal do Paraná, por meio da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura e dos Departamentos de Sociologia e Artes da mesma instituição. A coordenação dos projetos fica a cargo das professoras Maria Tarcisa Bega e Déborah Rebello Lima. Os eixos de atuação do Lab são organizados por pós-doutorandos do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFPR.

“O projeto aponta pro desafio essencial de recompor e requalificar o debate em política cultural com chave na cultura digital, reforçando a importante parceria das instituições de ensino superior, tal como a Universidade Federal do Paraná”, aponta Déborah Rebello.