Este ano a Teia Rural do Rio de Janeiro aconteceu entre os dias 5 e 8 de dezembro, nas cidades de Bom Jardim e Nova Friburgo, mais especificamente nos distritos de Bom Jardim, Lumiar, Barra Alegre, Santo Antônio e São Pedro da Serra, na região serrana do RJ. As Teias são eventos para articulações e trocas de informações entre os Pontos de Cultura. Elas contam com debates, mostras artísticas e atividades de intercâmbio de conhecimento, como rodas de conversas, oficinas e intervenções. A proposta é proporcionar um espaço de diálogo e reflexão para que os Pontos de Cultura possam trocar referências conceituais e práticas.

O objetivo do encontro fluminense este ano foi demarcar a importância de políticas públicas de cultura para territórios rurais. A Teia buscou gerar impactos para a região serrana, marcada pela influência da migração europeia e por suas raízes africanas, que tem diversas manifestações culturais próprias como Folias de Reis, Bumba Meu Boi, Mineiro Pau, Festas de Padroeiras, Bandas e Fanfarras, Travos e poesias.

Para Cláudio Paolino, do Ponto de Cultura Rural/Sobrado Cultural, a Teia Rural é importante pois pauta a questão do campo, juntamente com o equipamento, políticas públicas, organização cultural nas áreas rurais. Para ele é fundamental abarcar todos os entendimentos de Pontos de Cultura, desde os Pontinhos, até os Pontos de Memória. “Foi tudo tranquilo, tudo funcionando, com condições pra poder tirar e fazer boas discussões. Tivemos grandes participações artistíticas e da comunidade.  Buscamos trazer essa proposta de conhecer, pois a população tem que conhecer cada vez mais o que é o Programa Cultura Viva. Aqui é um vilarejo pequeno, mas que tem a possibilidade de dialogar com a comunidade e aí podemos fazer realmente a cultura viva comunitária”, disse.

Participaram da Teia em torno de 150 pessoas , além de 218 fazedores culturais. Durante o encontro, em um ato afirmativo da política pública, foram reconhecidos como Pontos de Cultura organizações ainda em processo de conveniamento, assim como Pontos de Leitura, Pontos de Memória, Pontinhos e a rede de museus.

Comissão Nacional dos Pontos de Cultura marcou presença

A Comissão Nacional dos Pontos de Cultura também esteve presente na Teia Rural. Para José Maria Reis, o Zehma, a Teia reforça os princípios do Programa Cultura Viva: diversidade e protagonismo. Para ele é muito importante debater questões ligadas à comunidade rural e do interior e discutir as prioridades desses grupos. E que essas prioridades possam também ser aplicadas a outros lugares do Brasil. “Eu, por exemplo, venho da região amazônica, lá discutimos a questão ribeirinha, a cultura dos grupos afrodescendentes. Isso pra gente é um debate sobre um papel, um lugar que a cultura popular, comunitária, tem para o governo e para a sociedade. Discutir isso na Teia Rural é muito bom pra podermos contribuir com essa construção. Isso reforça cada vez mais a importância dos Pontos de Cultura na política brasileira”, declarou.

Também representante da Comissão Nacional de Pontos de Cultura, Leri Faria corroborou a importância política do evento e das articulações que são feitas por meio dele. “Toda a oportunidade de se encontrar pra conversar é produtiva. As pessoas se conhecem e firmam uma relação de confiança e começam assim a semear o principio da construção de uma nova rede. E é a existência dessa rede que pode gerar um fator diferencial”. Segundo ele, ainda pode avançar muito a real compreensão da importância política do Programa Cultura Viva e do que o programa pode operar na construção de uma nova cidadania, assim como colocar o cidadão como protagonista.

Teia Rural do RJ

Organização

Segundo Aline Carvalho, que faz parte do Pontão da Eco e coordenou a comunicação do evento, a organização da Teia aconteceu de uma maneira bastante colaborativa. Para ela, a Teia Rural é uma prova de que os Pontos de Cultura não estão desarticulados e que essas iniciativas tem que continuar acontecendo também no interior, não só nas capitais. “Não tivemos verba para transporte, por exemplo, e os Pontos conseguiram transporte nos seus municípios, organizaram caronas solidárias ou passagens por outros meios. As pessoas vieram perguntar como podiam ajudar. Essa foi a Teia realizada com menor verba e o processo foi bastante inseguro e desgastante, mas mostra que é possível fazer”, afirmou.

Para ela, o mais importante é que essa é uma Teia Rural, realizada no interior, fazendo frente aos novos dilemas dos Pontos de Culturas, face ao governo e políticas públicas. “Temos que pensar na inabilidade do Estado em lidar com o meio rural e buscar solucionar isso pras próximas Teias e mantê-las no meio rural. É mais difícil de se produzir cultura aqui, mas acabamos produzindo. A lógica é outra, menos imediatista, diferente da cidade: dá pra olhar no olho, conversar, se entender. É muito importante termos as pessoas, os indivíduos, no centro desse processo, isso é cultura viva. No final, a Teia rolou e foi linda”.

Oficina do Lab

A oficina do Lab de Cultura Digital aconteceu no sábado (8). Os temas da oficina foram a Rede Livre e construção de sites. Durante os trabalhos realizados, as diversas tecnologias que compõe a Rede Livre foram apresentadas e discutidas por meio da construção do site do Ponto de Cultura Rural.

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