III Conferência Nacional de Cultura, realizada entre os dias 27 de novembro e 1 de dezembro de 2013,  definiu 64 propostas e 20 prioridades para as políticas públicas do setor. Dentre elas, a aprovação da Lei Cultura Viva e da PEC 150 (que define um percentual mínimo do orçamento a ser investido na área cultural), o fortalecimento do Sistema Nacional de Cultura, com a sua consequente regulamentação, e o apoio ao Projeto de Iniciativa Popular da Mídia Democrática. Além disso, a questão da autonomia tecnológica das organizações culturais esteve em pauta, em um debate promovido pelo Laboratório de Cultura Digital.

A Conferência reuniu 1745 pessoas, dentre as quais 953 delegados de todos os estados da Federação. Na quinta-feira (29), ocorreu uma roda de conversas sobre a plataforma Rede Livre com delegados e observadores da Conferência. Foram apresentadas as tecnologias que têm sido construídas pela equipe do Lab, sua finalidade, estratégia e táticas. “Potencializar os Pontos de Cultura, movimentos, coletivos e redes é nosso objetivo central”, resume João Paulo Mehl, coordenador de Cultura Digital do projeto. Ele explica que o conjunto de tecnologias tem por finalidade suprir demandas de comunicação, organização interna, articulação e ação colaborativa de organizações culturais.

“A grande questão é a disputa do modelo econômico. O mercado capitalista já supre tudo isso – porém por um alto preço: nossa autonomia”, explica Mehl. A natureza pública do software livre, base de todas as tecnologias desenvolvidas no Lab, tem a ver com o conceito chave da não-propriedade. Uma vez desenvolvido e publicado, o código aberto está disponível para outros desenvolvedores e projetos como um recurso que pode ser acessado por qualquer um.

A Rede Livre é um ecossistema que disponibiliza uma estrutura de rede com recursos de comunicação digital livres, além de ciclos de formação, vivências intensivas em Curitiba e sistematização dos acúmulos de conhecimento livre gerados pela inteligência coletiva na web.

“Uma rede de parcerias através de códigos abertos pode possibilitar o rompimento de fronteiras e isolamentos que muitos enfrentam nas localidades mais distantes”, pondera João Andirá, ator-bonequeiro, artista plástico, produtor e chefe da Divisão de Artes da Prefeitura Municipal da Lapa-PR. Para ele, a proposta apresenta um universo novo e atual dentro das redes de entidades que pretendem compartilhar e conhecer projetos que se propõem a transformações sócio-culturais.

Hoje, cerca de oitenta organizações já utilizam a plataforma e espera-se que esse número seja multiplicado por vinte até o final de 2014. Para tanto, ainda há muito a se realizar. Nesta semana, a partir do dia 1 de dezembro, a equipe do Lab participa do Congresso Fora do Eixo, uma rede colaborativa de trabalho composta por coletivos de cultura que têm como princípios a economia solidária, o associativismo,  a cooperação e respeito à diversidade, à pluralidade e às identidades culturais. Depois segue para Campinas, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Buenos Aires, realizando uma agenda intensa de formação e debates com coletivos e organizações culturais. Acompanhe a programação aqui: http://labculturadigital.redelivre.org.br/ciclos-de-cultura-digital/